22 novembro 2008

Primum vivere, deinde philosophari

"Qualquer obra de arte tem de se explicar a si própria. É esta faceta que identifico na preocupação e realização estéticas do artista plástico Pedro Ferreira. Há quadros de pintores que deveriam ser obrigados a terem ao lado a legenda. O labor artístico de Pedro Ferreira só facultativamente a solicita. Trata-se duma outra espécie de espelhos da própria realidade. O pulsar e a temperatura da Avó, os sinais do tempo do Pescador, o misto de sobranceria e tranquilidade do Lavrador, a felicidade triste da Velha da Praia, o fitar do horizonte e do zenite do Piloto, o rosto ingénuo das crianças – tudo reflecte o pulsar da realidade. Uma realidade com um pesado sentido psicológico e sociológico, compensado pelo balanço da Natureza – quando o autor envereda pela captura de paisagens - numa viagem de eterno retorno (às origens) mas que também são portadoras de futuro. Se estivermos atentos e lermos a obra de Pedro Ferreira com olhos de relojoeiro e sensibilidade de cirurgião compreenderemos que há uma linha que atravessa a sua obra. Essa linha alicerça-se num eixo cuja máxima é: Primum vivere, deinde philosophari (primeiro viver, depois filosofar). Eis a verdade mais próxima do real que extraio das peças do autor. Sem, contudo, deixarmos de ver nelas ideais de Bem, de Beleza, de Solidariedade e Altruísmo, de Verdade, de Paz, enfim, de Justiça. Afinal, qual é o artista que representa as suas ideias sem glorificar os seus ideais!? Julgo que é esta preocupação artística que confere uma dimensão universal à obra de Pedro Ferreira".

Prof. Dr. Rui Paula de Matos

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