23 setembro 2022

Quatro lápis e suas respetivas barras

Quatro lápis diferentes (incluindo barras auxiliares), resultam noutras tantas formas de desenhar conforme aqui se demonstra nos seguintes retratos de criança.


Grafite sobre Papel
35x27 cm

A grafite, quando trabalhada de forma convencional, geralmente sobre papel branco e completamente liso, com recurso ao esfumado fino, permite um acabamento de considerável efeito de luz e de variedade de sombras, em que o negro nunca é pleno, logo a obra adquire características que transmitem leveza e suavidade. Porém, no meu entendimento, das quatro técnicas aqui apresentadas, é aquela que se reveste de maior grau de dificuldade, quanto mais não seja pelo facto da sua execução ser mais demorada, dificuldade acrescida à medida de as dimensões da obra aumentem. Contudo, para tirar partido dos pormenores, nada melhor que a grafite;

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Carvão sobre Papel
35x27 cm

No caso do carvão, tudo é simplificado pela força cromática na sua natureza, onde o negro é pleno e do qual tudo nasce do princípio ao fim da execução da obra. Talvez a forma mais tradicional de se desenhar passe por este tipo de lápis de carvão composto, cuja versatilidade facilita os movimentos do tracejar, rentabilizando tempo de execução por via do efeito imediato que causa sobre o suporte, seja ele de que cor for, no caso, um papel em tons de cinza e de grão fino, esta última particularidade, fundamental para que o pigmento adira convenientemente e os esfumados resultem em pleno. Posto isto, quem apreciar um retrato simples, sem perda de grandes pormenores, mas de traço marcante, o carvão é uma excelente opção;

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Sépia sobre Papel
35x27 cm

Por sua vez, a sépia, diverge do carvão, quase tão-somente na cor, porque as semelhanças são muitas, assumindo esta um tom castanho, pouco variável de lápis para lápis, mesmo que existam castanhos diferentes neste domínio da sépia. A flexibilidade não é tão grande quanto a do carvão, exigindo do autor mais atenção, sob risco de marcar o suporte com um traço indevidamente aplicado, cuja correção fica dificultada. O acabamento em si, nomeadamente quando utilizada um suporte de tons creme ou castanho claro, compensa sobremaneira e o resultado transporta-nos no tempo, para aquela época em que entre a imagem monocromática e o surgimento da cor em toda a sua plenitude, existia aquele leve toque de cor.

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Sanguina sobre Papel
35x27 cm

Admito que uma sanguínea bem executada, encanta-me como dificilmente outro desenho o fará. O seu tom quente e marcante, faz com que estas obras se demarquem grandemente das demais, diria, uma obra para pessoas que gostam de fugir do tradicional, assim como para aquelas que gostam de contrastes, inclusive entre épocas, onde o antigo e o moderno convivem em perfeita harmonia. porém, a nível de cuidados a ter durante a sua utilização, são semelhantes à sépia. De realçar ainda, os belos efeitos de luz que se consegue obter neste tipo de obra.

São, geralmente estes quatro, os materiais que utilizo para desenhar desde o início da minha carreira, nomeadamente no retrato, cada qual com as suas particularidades e acabamento, também, naturalmente variável conforme o efeito que se produz durante o tracejar, sendo assim possível, abranger um leque muito diversificado de opções, atendendo ao fim a que a obra se destina e, naturalmente, de acordo com o gosto pessoal, tanto de quem cria, como de quem é beneficiado com a possibilidade de poder apreciar arte desta forma tão pessoal e personalizada como é o caso dos retratos.

Pedro Ferreira © 2022
(Todos os Direitos Reservados)

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